Donald Trump e o novo inferno chamado Bruxelas
Por Dreu Godefridi. Publicado em 16 de janeiro de 2018.
Arquivo MSM.
Trump ao lado do premiê belga Charles Michel, em maio.
Quando o então candidato à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump salientou em janeiro de 2016 que, graças à imigração em massa, Bruxelas estava se transformando em um inferno, políticos belgas e europeus unidos se entrincheiraram nas barricadas da mídia afirmando: como ele ousa dizer uma coisa dessas? Bruxelas, capital da União Europeia, quintessência do mundo pós-moderno, vanguarda da nova “civilização global”, inferno? Indubitavelmente a assimilação dos recém-chegados nem sempre é tranquila, podendo haver atritos de tempos em tempos. Mas não importa, eles ressaltavam o seguinte: Trump é um bufão e seja lá como for ele tem zero chance de ser eleito. Essas eram as opiniões dos ávidos leitores do The New York Times International Edition e assíduos telespectadores da CNN International.
No entanto, Donald Trump, em seu inconfundível e impetuoso estilo, estava simplesmente certo: Bruxelas está rapidamente mergulhando no caos e na anarquia. Exatamente dois meses depois desse dramático ‘trumpismo’, Bruxelas foi abalada por um execrável ataque terrorista islâmico que tirou a vida de 32 pessoas. Esta é somente a ponta do monstruoso iceberg que vem se avolumando há mais de três décadas via imigração em massa e loucura socialista.
No mês de novembro, Bruxelas foi alvo de três ondas de tumultos e saques em escala gigantesca.
Primeiro, o Marrocos se classificou para a Copa do Mundo de futebol: entre 300 e 500 “jovens” de origem estrangeira tomaram as ruas de Bruxelas para “comemorar” o evento à maneira deles, saqueando dezenas de lojas no centro histórico de Bruxelas, devastando avenidas desertas da “capital da civilização” e, no meio do quebra-quebra feriram 22 policiais.
Três dias mais tarde, uma estrela da música rap das redes sociais chamada “Vargasss 92”, cidadã francesa de origem estrangeira, resolveu organizar outra “comemoração” não autorizada no centro de Bruxelas, que rapidamente se transformou em mais um quebra-quebra. Novamente lojas foram destruídas e pessoas foram agredidas sem motivo algum a não ser o de estarem no lugar errado na hora errada. Breves clipes do acontecimento foram transmitidos pelas redes sociais, mostrando ao mundo (e aos belgas) a verdadeira face de Bruxelas sem a maquiagem dos políticos. Não é de se admirar que a elite política da Europa odeie do fundo d’alma as redes sociais. Eles preferem a tradicional imprensa, politicamente correta, fortemente subsidiada tanto na França quanto na francófona Bélgica.
Por último, em 25 de novembro, as autoridades socialistas que administram a cidade de Bruxelas tiveram a brilhante ideia de autorizar a realização de uma manifestação contra a escravidão na Líbia que rapidamente se precipitou em mais uma confusão: lojas destruídas, carros incendiados, 71 pessoas presas.
Esse vale-tudo, sem a menor justificativa política, é o novo lugar-comum em Bruxelas. Os políticos podem não gostar dessa realidade, consequência de seu lamentável fracasso, mas é, no entanto, uma verdade incomensurável além de inevitável. A nova Bruxelas caracteriza-se por tumultos e saques cometidos por pessoas de origem estrangeira, bem como pela ininterrupta presença de militares fortemente armados nas ruas de Bruxelas, paradigma desde 22 de março de 2016, dia em que islamistas europeus assassinaram 32 pessoas e outras 340 ficaram feridas no pior ataque terrorista da Bélgica.
Desperta curiosidade saber porque esses belos soldados belgas que patrulham as ruas não fazem nada para evitar a baderna. Pelo simples motivo de que está fora de sua alçada. Se um soldado ferir um saqueador, ele provavelmente será execrado em publico, ridicularizado pela mídia, julgado e expulso do exército com desonra.
Seria engraçado se não fosse gravíssimo. Depois dos dois primeiros tumultos desta última série, a televisão estatal belga (RTBF) organizou um debate com a participação de políticos e especialistas de Bruxelas. Entre os participantes estava o senador Alain Destexhe, do movimento reformista de centro-direita (partido do primeiro ministro belga).
Destexhe é uma figura interessante na política belga. Na Bélgica francófona, ele tem sido um dos poucos a dizer publicamente que a imigração em massa que os belgas estão impondo a si mesmos é insustentável, que o islã não pode ser considerado uma religião tão pacífica assim e que as escolas nas quais 90% das crianças são de origem estrangeira e que não falam francês nem holandês em casa, não são a receita ideal para o sucesso. Declarações como essas podem até ser o óbvio ululante em grande parte do mundo ocidental, mas na parte francófona da Bélgica, fortemente influenciada pela visão de mundo dos franceses, ele foi considerado de extrema direita, extremista até, racista e outras sutilezas que a esquerda aprecia tachar.
No debate, tão logo Destexhe tentou provar que existe uma conexão entre a não integração de muitas pessoas de origem estrangeira em Bruxelas e o alto grau de imigração que já dura décadas, o moderador literalmente gritou com ele ressaltando que “a migração não é o assunto do debate Monsieur Destexhe! MIGRAÇÃO NÃO É O ASSUNTO, PARE COM ISSO!”, antes de dar a palavra a um “poeta sem papas na língua”, uma jovem que explicou que o problema é que as mulheres que usam o véu islâmico (que ela mesma usa) não se sentem bem-vindas em Bruxelas. A plateia foi logo estimulada a aplaudi-la. Também no set se encontrava um político do Partido Verde que afirmou: “ninguém sabe qual é a origem dos arruaceiros”. Dica: eles ‘comemoravam’, de maneira idiossincrásica a vitória do Marrocos. Um glorioso momento do surrealismo belga? Nada disso, apenas um típico “debate” político na Bélgica de língua francesa, exceto que normalmente Destexhe não é convidado.
O quadro não estaria completo sem mencionar que justamente na noite em que começou o quebra-quebra, 11 de novembro, uma associação chamada MRAX (Mouvement contre le racisme, l’antisémitisme et la xénophobie) publicou em sua página no Facebook um apelo para que se denunciasse qualquer caso de “provocação policial” ou “violência policial”. Resultado da revolta? Número de policiais feridos: 22, número de prisões: zero. MRAX não é só um monte de esquerdistas que simpatizam com os islamistas, eles recebem pesados recursos pagos com dinheiro do contribuinte. Os movimentos de direita também são financiados pelos contribuintes? Resumindo em uma palavra: não. Em Bruxelas a taxa de desemprego é surpreendentemente de 16,9%, é assombroso também que 90% dos que dependem do estado de bem-estar social tenham origens estrangeiras e, ainda que os impostos estejam entre os mais altos do mundo, os cofres públicos estão, apesar disso, sangrando. Um breve flash de mais um fracasso socialista.
Mas há esperança. Bruxelas não se resume em Molenbeek e em tumultos, a municipalidade conta com uma robusta tradição de empreendedorismo, o governo federal da Bélgica, em particular o componente flamengo conhece bem os desafios que precisam ser enfrentados. Mas nada vai mudar se não for reconhecido que, em muitos aspectos, Bruxelas se transformou, da opulenta cidade conservadora e “burguesa” que era há 25 anos, em um inferno.
Ironicamente o que Bruxelas obviamente precisa é um Donald Trump.
Drieu Godefridi, autor belga, clássico-liberal, fundador do Institut Hayek de Bruxelas. PhD em Filosofia pela Sorbonne em Paris, também capitaneia investimentos em empresas europeias.
Publicado no site do Gatestone Institute.
Tradução: Joseph Skilnik