Correio Braziliense foi outro jornal brasileiro citado em documento do Departamento de Justiça dos EUA; veículos famosos como The New York Times e Washington Post também estão no esquema.
O jornal China Daily, controlado pelo Partido Comunista Chinês, pagou jornais de vários países para promover propaganda das agendas políticas do regime, de acordo com um relatório do Departamento de Justiça dos EUA. Na lista além dos diários americanos Washington Post e The New York Times, estão os jornais brasileiros O Globo, Folha de São Paulo e Correio Braziliense.
A documentação apresenta pagamentos da ordem de 19 milhões de dólares para periódicos. Segundo o site Insurgere, “o acordo é fundamentado na publicação de propagandas pró-Pequim no formato de notícias reais, seguindo um informe chamado “China Watch”. O valor se refere a pagamentos aos jornais realizadas no período entre novembro de 2016 a abril de 2020.
Tais quantias não se referem a gastos com publicidade, mas sim conteúdo pago em forma de notícias.
No relatório do Departamento de Justiça dos EUA, o jornal Folha de São Paulo, registrado como “Empresa Folha da Manhã S.A”, arrecadou 405 mil dólares por compartilhar os conteúdos do China Daily. Em janeiro de 2019, o valor recebido pelo Grupo Folha foi muito acima da média anual: 41 mil e 400 dólares. O relatório foi divulgado no dia 1° de junho.
A Editora Globo recebeu cerca de 109 mil dólares, e o jornal Correio Braziliense arrecadou pouco mais que 15 mil dólares.
Nos últimos quatro anos, o China Daily pagou cerca de 6 milhões ao Wall Street Journal e 4,6 milhões de ao Washington Post, de acordo com dados da Lei de Registro de Agentes Estrangeiros (FARA). Outros grandes jornais americanos também se envolveram no mega-esquema midiático de propaganda chinesa: US$ 753 mil foram pagos ao Los Angeles Times, US$ 240 mil a revista bimestral Foreign Policy, e o famoso The New York Times também não ficou de fora: receberam 50 mil dólares.
O site Defesa.Tv também noticiou sobre os relatórios do governo dos EUA:
“Os dois jornais, de grande alcance no país, publicaram “suplementos pagos” que o jornal chinês produzia, chamado de ‘China Watch’. A intenção era vender as publicações como se fossem notícias reais, mas sempre fazendo propaganda em favor da China”.
Em anúncios, o China Daily gastou US$ 11 milhões. Na rede social Twitter, foram gastos US$ 265 mil em propaganda, mesmo com a proibição da rede social no país. Os US$ 7,6 milhões restantes foram gastos com jornais impressos.
Publicidade para o regime comunista chinês
Uma análise sobre o pagamento de publicidade pelo governo chinês foi apresentada em matéria do site Insurgere:
“Embora a divulgação de seu governo seja uma ferramenta utilizada com muita frequência por outros países, a mídia estatal chinesa faz uso de métodos incomuns e nada transparentes para “comprar” os meios de comunicação estrangeiros. Desses métodos, estão o fornecimento de materiais gratuitos para seus parceiros e preço acima do normal na hora de comprar um espaço publicitário.
Com base nos registros anuais do China Daily junto ao governo dos EUA, sob a FARA, o orçamento e as despesas do jornal aumentaram dez vezes na última década; de cerca de US$ 500.000 no primeiro semestre de 2009 para mais de US$ 5 milhões em 2019. Cerca de US$ 3 milhões foram gastos apenas nos primeiros 4 meses de 2020.
Os dados também mostram que dos US$ 19 milhões gastos nos últimos 4 anos pelo China Daily para influenciar a política de outros países (principalmente nos EUA), mais de US$ 15 milhões foram apenas nos anos de 2017 e 2018.
A Analista de Pesquisa da Freedom House, Sarah Cook, afirma que as autoridades chinesas se referem a prática publicitária como “pegar um barco emprestado para chegar ao mar”. Portanto, o PCC possui uma motivação maior do que apenas divulgar seu governo.
Em fevereiro, o governo americano anunciou restrições a cinco meios de comunicação estatais chineses: Xinhua, CGTN, China Radio, China Daily e People’s Daily. As agências foram acusadas pelo governo dos EUA de servir como instrumentos de propaganda do governo chinês. Como resultado, foram forçadas a se registrar como embaixadas estrangeiras”.
Com informações do Insurgere e Estudos Nacionais.
[…] Foto: Relatório do Departamento de Justiça dos EUA denunciou, meses atrás, que o governo comunista chinês, por meio do jornal China Daily, pagou grandes jornais ocidentais para publicarem material que era pura propaganda do regime totalitário que domina a China. Entre os jornais citados, estava a Folha de São Paulo, o Correio Braziliense, o The New York Times e o Washington Post. […]