Brasil: O mundo de olho na eleição, e o “não assunto” dos candidatos do establishment

Por Percival Puggina

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Você quer um candidato a presidente perfeito, assim como você? Não tem.
Então, vamos falar sério.

O mercado eleitoral para 2022 se movimenta em torno do que temos e salta aos olhos a grande responsabilidade dos conservadores brasileiros em relação às posições reavidas em 2018. É em torno delas que, desde então, a disputa se trava! Tudo mais, do mi-mi-mi ao blábláblá, das rotulagens às narrativas, gira em torno desse eixo. E o mundo, com interesse, observa.

Pense nas famílias norte-americanas, notadamente no caso iniciado pela senhora Stacy Langton, do Condado de Fairfax, na Virgínia, quando soube que uma escola local passara como temas a alunos de high school (14 a 17 anos) descrever “uma cena de sexo que você não mostraria à sua mãe” e escrever “um cenário Disney x-rated” (proibida para menores). Pense nas bibliotecas escolares (e o mesmo acontece em outros estados), que disponibilizam aos estudantes livros com cenas pornôs entre adultos e jovens.

Pondere, agora, a contestação a essas denúncias feita pelo autor de Lawn Boy, um desses livros. Entrevistado pelo Washington Post, ele respondeu:

“Penso que essas pessoas estão aterrorizadas porque estão perdendo a guerra cultural”.

E tudo começará a ficar mais claro. O fenômeno é mundial, tem inúmeras faces e frentes, multidões de agentes, muito dinheiro envolvido e inesgotáveis fontes de recursos.

Voltei a ler os discursos de Bolsonaro na abertura da Assembleia Geral da ONU nos anos de 2019, 2020 e 2021. Os três foram, como de hábito, severamente criticados pela mídia nacional. No entanto, encontrei, em todos, momentos de grande coragem e fortíssimos motivos para chamar a atenção de muitos, mundo afora.

Note-se que o presidente fala à nata mais fina do “politicamente correto”. Fala a chefes de Estado e de governo, chanceleres e à alta diplomacia mundial. No que diz, em acréscimo a temas de específico interesse brasileiro, o presidente adiciona afirmações assim:

A ideologia se instalou no terreno da cultura, da educação e da mídia, dominando meios de comunicação, universidades e escolas.

A ideologia invadiu nossos lares para investir contra a célula mater de qualquer sociedade saudável, a família.

Tentam ainda destruir a inocência de nossas crianças, pervertendo até mesmo sua identidade mais básica e elementar, a biológica.

A ideologia invadiu a própria alma humana para dela expulsar Deus e a dignidade com que Ele nos revestiu. (2019)

O Brasil é um país cristão e conservador e tem na família sua base. (2020)

O Brasil tem um presidente que acredita em Deus, respeita a Constituição e seus militares, valoriza a família e deve lealdade a seu povo.

Temos a família tradicional como fundamento da civilização. E a liberdade do ser humano só se completa com a liberdade de culto e expressão.

Sempre defendi combater o vírus e o desemprego de forma simultânea e com a mesma responsabilidade. As medidas de isolamento e lockdown deixaram um legado de inflação, em especial, nos gêneros alimentícios no mundo todo. (2021)

Mesmo sendo uma das 10 maiores economias do mundo, somos responsáveis por apenas 3% da emissão de carbono. (2020)

Esta não é a Organização do Interesse Global! É a Organização das Nações Unidas. Assim deve permanecer! (2019)

Deus abençoe a todos! (2021)

Vejo aí motivos mais do que suficientes para que o presidente desperte atenções na também imensa parcela da população do Ocidente que não quer dar razão ao autor de “Lawn boy”.

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Por que os presidenciáveis não falam nisto?

Depois de três anos atrapalhando e prejudicando deliberadamente o país agora são candidatos para “salvá-lo”?À miudeza se responde com grandeza!

Em artigo anterior, publicado na semana passada, afirmei que a vitória de Bolsonaro disse ao mundo que, aqui no Brasil, haveria resistência à hegemonia esquerdista, autorrotulada “progressista”. No entanto, poderosas máquinas de guerra não são enfrentadas sem determinar reações. Elas foram interna e externamente implacáveis e causaram dificuldades ao país.

Não creio, porém, que esse contexto tenha levado qualquer fração do eleitorado vitorioso naquelas urnas a gostar do que antes não gostava, a aprovar o que antes condenava, nem a inverter seus princípios e seus valores. As coisas não acontecem assim. A estratégia oposicionista, que se faz supor exitosa, consiste em fazer crer que o presidente cria os próprios embaraços (eventualmente, isso acontece em qualquer governo, mas não é a regra, nem a causa).

Portanto, tudo se passa na mídia de massa como se o presidente da República conseguisse transformar um perfumado e plácido mar de rosas em turbulenta cachoeira de desastres. Quem lê editoriais colhe a impressão de que os próprios veículos, o Congresso Nacional, o STF, fazem o possível para tudo andar bem, mas o governo não deixa! Essa é a mensagem que tentam fazer chegar ao eleitor enquanto procuram intimidar os conservadores nos restritos espaços das redes sociais.

A despeito da cotidiana corrida de obstáculos, o governo poderia operar com maior desembaraço não fosse a impossibilidade de compor maioria parlamentar. Estou bem atento às manifestações dos presidenciáveis. Lidam com o futuro como se as dificuldades institucionais do país se resolvessem com suas vitórias pessoais nas urnas de outubro. É como se dissessem: “Votem em mim. A governabilidade a gente vê depois”…  Tá bom!

Bolsonaro tentou contornar essa montanhosa e espinhosa barreira indicando previamente, para a maior parte de seu ministério, técnicos de fora do circuito político-eleitoral. Qual o resultado? O mercado de votos parlamentares se sublevou! As cotações dispararam. O pregão teve que ser fechado. Rodrigo Maia era o senhor do sim e do não e só liberava o que não tinha importância. De responsável pela pauta, tornou-se senhor das decisões e já posava com ares de Primeiro Ministro. Lembram?

Ao mesmo tempo, em meio ao deliberado tumulto das relações institucionais, o STF dava carteiraço operando como dono da democracia e  “poder moderador” da República… Logo aquele estranho colegiado onde tão frequentemente falta moderação!

A questão, portanto persiste. E persiste num escandaloso silêncio das instituições! O que têm a dizer os candidatos a presidente que vêm ao eleitor pedir voto depois de haverem, mediante sucessivas ações e omissões, procurado impedir o programa vitorioso nas urnas de 2018? O que tem a dizer sobre o que se recusaram a votar? Pergunto: como esperam obter maioria num parlamento onde haverá mais de duas dezenas de minorias no outro lado do balcão dos negócios que hoje frequentam?  Como pretendem votos depois de agirem como agiram?

Este não pode ser um não assunto na campanha eleitoral que já começou! À miudeza se responde com grandeza!

 

Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário, escritor, colunista de dezenas de jornais e titular do site www.puggina.org, no qual os presentes comentários foram publicados originalmente. Autor dos livros ‘Crônicas contra o totalitarismo’; ‘Cuba, a tragédia da utopia’; ‘Pombas e Gaviões’e ‘A Tomada do Brasil’. Integrante do grupo Pensar+.

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4 Comentários
  1. Alan Max Diz

    Para quem já leu o Jardim das Aflições sabe que as democracias modernas foram fundadas nos antros da Maçonaria, logo, coisa boa nunca saiu nem sairá de lá. Existem otimistas que dizem: “basta que a gente faça direitinho que vai dar certo, com certeza vai”. Miragens. Quem se interessa muito pelo poder desse mundo já está dominado pelo mau. “Reerguer a Religião Católica e a cultura é mais importante que um cargo político”, já dizia o “velho”.

  2. Elton Carlos Diz

    Excelentes pontuações, fez o autor do artigo!

    E analisando tudo isso, o Brasil apenas um único candidato anti – sistema podre. E este mesmo possui obstáculos enormes.

    O primeiros deles, é a ignorãncia e letargia de grande parte das pessoas!

  3. Rodrigo Diz

    Segundo a JP o STF pensa em banir o Telegram. Isso representa um grande golpe em curso visto que o Google, Wahtaspp, FAcebbok, Instagran já estão do lado deles. Esse negócio das “fakes” é só uma enorme “fake”. Agora, o governo tem que se mexer. Isso é tentativa de golpe.
    O Bolsonaro só perde e deixar esses golpistas agirem impunemente.

  4. adilson Diz

    Bolsonaro o homem que movimenta a massa a seu favor, faz promessas e palavras que ele mesmo não faz nada pra cumprir. Pede desculpa e se ajoelha perante aos bandidos da republica. Os nossos generais de de gel no cabelo veem os mais de 80 mil assassinatos ao ano e o grande volume de drogas e armas que entram no país e dizem:
    – isso nada, fiquem tranquilos! nossas tropas são treinadas em luta na selva. kkk.!!
    Bolsonaro é mais um peido histórico, só que agora no cercadinho do palácio do planalto!

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