Sobre os ataques das salomés de batina: mais algumas notas
Por Olavo de Carvalho.
Se eu visse um cidadão atacado desde todos os lados por mil agressores diferentes, sem a mais mínima possibilidade material de defender-se contra todos, eu jamais diria uma palavra contra ele, mesmo que ele fosse um criminoso e eu tivesse provas cabais contra ele. A mim me parece que isso é uma decorrência imediata do senso de justiça e do amor ao próximo, mas as salomés de batina, os Fulanins e Padres Joaquins, acham que morder mais um pouco quem já está sendo mordido por mil hienas é a perfeição do cristianismo.
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Ao dizer que existem relações ainda não perfeitamente descritas entre os movimentos dos astros e a conduta humana, acrescento sempre que os astrólogos, nisso, dizem muito mais do que sabem. Da possível e mera existência de um fenômeno geral, concluem até detalhes da vida alheia — donde se conclui, obviamente, que não há por que consultá-los, exceto para fins de estudo de um fenômeno sociocultural.
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Quem é mais inimigo de Deus do que aqueles que usam o Seu nome como pretexto legitimador de crimes de difamação? Violam não somente o Oitavo Mandamento, mas também o Segundo.
E ainda posam de catequistas.
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Agradeço ao Leonardo Dias a remessa deste link. Encaixo-me perfeitamente na definição de “tradicionalista”, mas em nenhum dos grupos que assim se autodenominam ou são denominados por terceiros.
http://www.rainhamaria.com.br/Pagina/17816/Lembrando-O-que-e-exatamente-um-Catolico-Tradicionalista
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Salomés de batina desta semana:
Rafael Rosqueimada
Vilnicius Martinez
Báfio Fulanin
Celso Porco Nojeira
Pe. Joaquim das Couves
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Olavo de Carvalho compartilhou a publicação de Evandro Ferreira E Silva.
O Gajo Fulaninho continua falando besteira. E ilustrando com suas próprias palavras o que a maravilhosa Universidade lhe ensinou: deturpar quase tudo o que lê. Eu lhe disse que ele estava julgando a catolicidade do Olavo, e o camaradinha vem insinuando que eu desprezo a verdadeira catolicidade e que, em vez disso, sou uma espécie de cultor de uma tal de “catolicidade do Olavo”. É de cair a barba grisalha do cu! Vejam só a desfaçatez: “Um seu discípulo me apareceu com a ‘catolicidade do Olavo’. Waaaal, de novo, e eu aqui achando que a Igreja era Una, por isso Católica e Apostólica e Romana. Então, depois desses anos todos, descubro que o Catecismo vale pouco, ou nada, e que, quem sabe, a Igreja deva curvar-se a esse novo messias e suas sacras leis.”
O sujeito interpretou “catolicidade do Olavo” ao pé da letra (ou pra lá do pé da letra), como se afirmar que alguém é católico fosse o mesmo que afirmar que a Igreja é católica. Kkkk! Imagino que, se eu falasse “catolicismo do Olavo”, ele iria pensar que eu estava fundando uma nova religião!
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“HÁ ERROS PERDOÁVEIS,…
… que significam muito pouco no cômputo do pensamento e da ação de uma pessoa. Mas há aqueles erros que contaminam absolutamente tudo, mesmo o que parecia ter algum valor.
Muitos colegas meus diziam, notem o tempo verbal, admirar Olavo de Carvalho pelo que fez na análise política. Alguns deixaram, saudavelmente, de segui-lo, decepcionados. Claro que li seus artigos. E livros. Não acho, como ele gosta de dizer, que “começou tudo isso” que está aí; mas lia, enfim.
No entanto, agora ele deu para criticar a Igreja abertamente: o papa, os padres, os dogmas, as práticas. Quando eu disse, num comentário noutro post, para ele ler o Catecismo da Igreja Católica, que é o mínimo que se deve conhecer para não ser um idiota, ele respondeu com um link de um texto seu. Autocentrado e autorreferente. Waaaaal, para citar Francis.
Um seu discípulo me apareceu com a “catolicidade do Olavo”. Waaaal, de novo, e eu aqui achando que a Igreja era Una, por isso Católica e Apostólica e Romana. Então, depois desses anos todos, descubro que o Catecismo vale pouco, ou nada, e que, quem sabe, a Igreja deva curvar-se a esse novo messias e suas sacras leis.
Entendam uma coisa: Olavo está errado, nesse ponto está errado. Está errado em princípio. E é o tipo de erro que contamina todo o resto. Não sei bem o que pretende, ou desconfio e não gosto do que vejo, mas cada qual tem o direito de se meter no poço que quiser, o que é uma pena imensa. Como escrevi noutra ocasião: não é possível ser católico e olavoide ao mesmo tempo.
Ou, sei lá, vai que estão esperando que o Velho seja eleito papa no lugar de Francisco. Deus nos livre.”
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Hipérboles forçadas — ex. “a Igreja deva curvar-se a esse novo messias e suas sacras leis” — são argumentos de meninos de doze anos de idade, no máximo. O estilo Báfio Fulanin.
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Se não existisse um terreno lógico-metafísico comum a todas as religiões e aliás a todas as culturas, todo diálogo ou mesmo confronto polêmico entre elas seria IMPOSSíVEL. A “Suma contra os Gentios”, por exemplo, não poderia ser escrita, nem mesmo pensada, já que nela Sto. Tomás argumenta justamente nesse terreno comum, sem apelar à Revelação cristã. Tão logo profiro essa obviedade suprema, lá vêm as salomés de batina e hienas purpuradas dizer que faço da metafísica uma religião superior à católica — e ainda juram que estão argumentando com base no Catecismo, quando apenas atribuem à Igreja a sua própria deformidade mental nascida da ignorância, do medo e do ódio, além de uma inveja visivelmente satânica.
O que digo há tempos é que a tal “unidade transcendente”, da qual Guénon e Schuon se servem para conferir uma autoridade superior ao esoterismo e às iniciações, relegando as religiões a um segundo plano, não passa, no fim das contas, daquele terreno lógico-metafísico comum, indevidamente hipostasiado em Revelação Primordial. As salomés e hienas cometem o MESMO erro da dupla esotérica, só que invertido. Proclamam que, como o Catolicismo é a única religião verdadeira, o terreno comum não existe. Uai, se não existisse, como poderiam comparar uma religião às outras e dizer que só uma é verdadeira?
As hienas e salomés estão TÃO FORMIDAVELMENTE ABAIXO da questão em que opinam, que ignorar suas opiniões seria um ato de caridade.
Por exemplo, todas as religiões pressupõem, grosso modo, os mesmos conceitos de finito e infinito, anterioridade e posterioridade, uno e múltiplo, totalidade e série, etc. etc. Uma metafísica inteira, sem a qual a comparação entre religiões seria impossível.
Guénon e Schuon partem dessa obviedade para atribuir às organizações esotéricas — e a si mesmos, evidentemente — uma autoridade superior à das religiões. As hienas e salomés fazem o oposto simétrico: em nome da superioridade de uma religião sobre as outras, negam a existência dos conceitos metafísicos comuns sem os quais essa comparação não tem nem como ser feita. São meninos enfezados de cinco anos discutindo com dois velhos espertalhões e jogando em mim a culpa do que eles fazem. É patético.
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Sei bem que, segundo a doutrina da Igreja, quando um sacerdote ou um irmão na fé incorre em erro, deve ser corrigido com caridade, paciência e respeito, mas aqui não estou corrigindo erros doutrinais: estou denunciando CRIMES DE DIFAMAÇÃO cometidos por pessoas que nunca tiveram ou pensaram em ter nem mesmo um mínimo de caridade, paciência ou respeito ao falar contra mim.
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O nosso Mário Ferreira expôs a metafísica comum às várias religiões (e à maioria das filosofias) muito melhor, muito mais claramente e muito mais completamente do que Guénon e Schuon, mas nunca saiu por aí oferecendo iniciações nem se arrogando o título de porta-voz autorizado de alguma Revelação Primordial. Duas coisas que, é óbvio, eu também não fiz.
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Esses caras são cocôs de lagosta olhando para cima e imaginando que são estrelas.
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A superioridade do Cristianismo reside em que, nele, Deus Pai revelou bem mais do que as leis da lógico-metafísica universal que já havia insuflado na mente de Adão: revelou o próprio Logos sobre o Qual ela é moldada, do qual ela é apenas uma cópia em escala humana, e mostrou que é esse Logos, e não ela, quem nos leva à vida eterna.
That’s all, folks.
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Por isso é que entendo que a tal “Realização metafísica” de que falam Guénon e Schuon é uma impossibilidade pura e simples, embora a metafísica que eles expõem esteja, grosso modo, correta. É um erro semelhante ao de imaginar que o manual de instruções de um automóvel é um mecânico vivo capaz de consertá-lo. As hienas e salomés, baseadas na superioridade do mecânico vivo, acham que o manual de instruções não existe, e que quem diz que existe é inimigo do mecânico.
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Fisiologia espiritual das salomés:
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Uma questão que ainda não resolvi é se a metafísica universal é aquilo que os escolásticos chamam “razão natural” ou é a condição da possibilidade dela. É um problema encrencado.
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Eu não dou guiamento espiritual a ninguém, envio à Igreja os interessados em obtê-lo, mas sempre advirto que, ao escolher um instrutor ou diretor espiritual, é preciso hoje em dia o máximo de cuidado.
Em certos casos, porém, a escolha é fácil. Se um pretenso instrutor espiritual — sacerdote ou não — brande a doutrina da Igreja como pretexto para violar insistentemente o Oitavo Mandamento e até o simples Código Penal, é óbvio que ele não está qualificado para nem para guiar-se espiritualmente a si mesmo, quanto mais para guiar os outros.
Todas as salomés de batina e hienas purpuradas estão aí incluídas.
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Não tenho nenhuma “divergência doutrinal” com as salomés. Minha atitude diante delas é a da vítima perante criminosos.
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O vocabulário dessa gente já denota não apenas falta de domínio do idioma, mas uma confusão mental fora do comum, agravada pela malícia de santarrões hipócritas.
1) Acham que “prestar homenagem” à tradição antiga é praticá-la, é ser mais judeu do que cristão — uma acusação da qual, nesse nível de leitura, o próprio S. Paulo Apóstolo não escaparia.
2) É ridículo dizer que os católicos “prestam homenagem” a Jesus. Prestamos homenagens a artistas, a filósofos, a homens públicos. A Jesus ADORAMOS, o que é coisa bem diferente.
3) Não estranho o horror que expressam ao sionismo. O anti-semitismo em certos meios “rad trad” é endêmico.
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Algum dia recomendei a algum aluno meu a consulta a um astrólogo? Essa hiena tem a mesma sanha difamatória do Julio Soumzero.
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O sujeito, ao me acusar de “incentivo à promiscuidade” comete CRIME, e ainda alega, como motivo, o “munus da infalibilidade”.
Se algum aluno meu foi incentivado à promiscuidade por meio das minhas aulas ou posts, que se apresente, por favor.
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Justo protesto:
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A Maria Teresa Zappi tem razão: Uns fulaninhos pensam que, quando digo “Vá tomar no cu”, é conselho espiritual.
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Todo o fogo do inferno não arde tanto quando o ódio que o imbecil que se acredita conhecedor da verdade sente por aquilo que não compreende.
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Tudo neste mundo pode acontecer. Richard Shaull, teólogo americano protestante da Teologia da Libertação, foi um dos primeiros a reconhecer o valor do trabalho que eu estava fazendo na divulgação das obras de Eugen Rosenstock-Huessy. Foi ele que viajou ao Brasil para me convidar a participar do congresso sobre o filósofo.
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Posso dizer, portanto, que conheci ao menos UM teólogo da libertação que era um sujeito mais decente do que hordas de rad trads brasileiros.
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No Brasil, dá um trabalho maluco explicar a certos uns que vociferar em defesa da Doutrina da Igreja e espancar heréticos não os dispensa de cumprir os Dez Mandamentos e de não infringir o Código Penal.
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Todas as salomés de batina e hienas purpuradas estão se oferecendo gratuitamente para levar um processo por difamação e ir parar na cadeia, onde poderão brincar de catequese o quanto queiram.
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O Brasil é escasso em santos, mas abunda em mártires da vigarice.
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A existência de uma metafísica comum a todas as religiões é um simples fato comprovado, sem o qual não haveria nem a possibilidade de um confronto entre elas. O conceito de “Tradição Primordial” de René Guénon, no entanto, é autocontraditório, porque, de um lado, ele lhe atribui uma consistência temporal, histórica, através das cadeias de iniciações, e por outro lado diz que você pode receber uma iniciação de um iniciado já morto, sem perceber que, se isso é possível, também deve ser possível recebê-la de um ainda não nascido, já que na eternidade todos se igualam.
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Guénon é tão impecável na lógica das suas críticas quanto inconsequente na exposição da sua doutrina.
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Ainda dou tratos à bola para entender como um cérebro humano aparentemente normal como o do Pe. Joaquim das Couves pode se degradar ao ponto de imaginar que, ao afirmar a existência de uma metafísica comum a todas as religiões, fiz dela uma religião superior às outras. Seria o mesmo que afirmar que a gramática russa é um romance melhor que “Guerra e Paz” ou “Os Irmãos Karamazovi”.
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Vocês já devem ter notado que os próceres do anti-olavismo vivem assediando os meus alunos (e seguidores facebookianos) com tentativas de sedução. Dão um “like” aqui, compartilham post ali, vão se fazendo de amiguinhos e assim vão chegando perto, até dar o bote.
Evidentemente só caem no engodo os poucos que são iguais a eles.
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Memorável:
Arquivo MSM. Publicado no ‘Diário Filosófico’ em 31 de janeiro de 2018.