Bolsonaro, Covid-19 e as trapaças da mídia militante

Por Percival Puggina

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Engana-se quem pensa que os grandes noticiários ininterruptos dos principais veículos de comunicação mantêm o público a par do que está acontecendo e ajudam a formar um juízo sobre os fatos narrados. Infelizmente não é bem assim. A desinformação começa na escolha dos temas. Noticiar algo significa, frequentemente, não noticiar algo. Há notícias escolhidas para difusão e notícias escolhidas para omissão.

A pluralidade dos meios não significa pluralismo nos meios, notadamente quando estes se tornam militantes de uma causa política, como está acontecendo no Brasil.

Salvo exceções, os noticiários de TV e rádio provêm de uma redação. Apenas noticiários rápidos e variados, acríticos, como os de rádio, lidos por locutores, poderiam sintetizar, ao longo do dia, o conjunto dos acontecimentos. Não haveria recursos humanos para abastecer um jornalismo completo com textos, imagens e opiniões sobre todos os fatos importantes de cada jornada. São pautados, então, certamente, os mais interessantes, os que servem aos objetivos da empresa e assim as opiniões são emitidas, ou omitidas. Aqui no Brasil, há dois anos, as notícias que servem nunca são boas ao governo. Estas vêm por e-mail ou em pequenos vídeos na redes sociais. Na imagem diariamente transmitida em editoriais, colunistas selecionados, noticiários de TV e comentaristas cevados na casa ou convidados, o governo é formado por um grupo de malfeitores.

Que Bolsonaro não é o príncipe perfeito estamos cansados de antever e saber, mas é o disponível, como demonstram as peças no tabuleiro do xadrez da política nacional. Quando estamos jogando xadrez, de nada vale nosso desejo de que as peças estejam em posições diferentes. Elas são as que vemos, nas posições em que estão. A mesa tem uma cadeira de cada lado. O resto, em volta, é torcedor, é peru, é secador. As cadeiras, não obstante, são apenas duas.

Em menos de um par de anos teremos eleições e a posição das peças no jogo mostra que se ninguém chutar a mesa ou derrubar o tabuleiro da disputa presidencial, de um lado estará o príncipe imperfeito, com suas deficiências e qualidades; do lado oposto haverá alguém representando os derrotados na eleição de 2018: PT, PCdoB, Psol, PDT, Rede e outros afins. Nesse jogo, a vida me ensinou o que não quero.

Ora, se todo o empenho da mídia que considero militante, a que me referi no início deste artigo, vai a desfavor do lado onde joga o atual presidente, ela serve, então, doses diárias de suporte ao lado oposto. E o faz sem sequer precisar referir que esse lado existe. A CNBB fez a mesma coisa durante anos, atacando os governos não petistas e ajudando o partido a ponto de merecer, posteriormente, o público reconhecimento de Lula ao apoio recebido.

Note-se que a própria oposição sequer se movimenta politicamente junto à sociedade. Ela se beneficia mais com o cotidiano serviço que lhe é prestado por alguém supostamente “neutro”, interessado apenas no bem do país, como seriam os grandes meios de comunicação. Esse é o quadro. Quem não entendeu até agora, não entenderá jamais.

Covid-19 e a mídia mainstream: malícia e politicagem

A Covid-19 pode matar e mata. No mundo todo estão diagnosticados 98 milhões de casos e registrados 2,09 milhões de óbitos. Anteontem, 20 de janeiro, com 1009 mortos pela Covid-19 por milhão de habitantes, o Brasil ocupava o 24º lugar na lista de quase 200 países. Era o 47º na lista que relaciona o número de mortos com o de pacientes diagnosticados (2,5%).

No entanto, todo o noticiário cotidiano sobre o assunto tem por objetivo culpar o governo federal e pessoalmente o presidente da República pelas mortes causadas por uma doença que mata no mundo inteiro. Palavras como genocídio e genocida são diariamente proferidas nos meios de comunicação e passaram a integrar o vocabulário político da esquerda mundial, disciplinadamente aplicada a nosso país e ao seu governo.

O único objetivo desta minha nota é demonstrar o quanto de malícia, de politicagem, de interesses individuais e empresariais está presente nessas matérias desmentidas pela objetividade dos números.

Tendo em conta que o Brasil é o 6º país mais populoso do mundo e que tantos outros enfrentam problemas ainda maiores, apresentando resultados piores, por que – diabos! – só no Brasil e nos EUA se ouve falar em responsabilizações individuais de seus governantes? Cabe alguma dúvida quanto à origem político-ideológica dessas exceções?

Nada se lê no Brasil sobre acusações frontais a Alexander de Croo (1º ministro belga), com o segundo pior índice de fatalidade da doença; de  Andrej Babis (1º ministro tcheco), com o quarto pior índice; de Boris Johnson (1º ministro do Reino Unido), com o 5º pior índice; de Giuseppe Conte (1º ministro italiano), com o sexto pior índice; nem do espanhol  Pedro Sánchez, nem do  “simpático” presidente francês Emmanuel Macron ou de seu primeiro ministro Jean Castex. Todos dirigindo países com desempenho e resultados inferiores aos do Brasil.

 

Percival Puggina (75), membro da Academia Rio-Grandense de Letras e Cidadão de Porto Alegre, é arquiteto, empresário, escritor e titular do site Conservadores e Liberais (Puggina.org); colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de ‘Crônicas contra o totalitarismo’; ‘Cuba, a tragédia da utopia’ e ‘Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil pelos maus brasileiros’. Integrante do grupo Pensar+.

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