Foto: Parte considerável da população de etnia russa da área secessionista da Ucrânia retornou à Rússia.
Vladimir Putin se compraz em falar do “mundo russo” como de um gigante que não cessa de crescer e de se projetar em direção ao futuro.
Porém, as estatísticas demográficas lhe estão infligindo um cruel desmentido, explicou Paul Goble, especialista em questões étnicas e religiosas da Eurásia, citado pela agência Euromaidanpress.
A população total é de 141.927.297 habitantes, de acordo com dados de 2010, mas atingia 148.689.000 em 1991.
E pelas estimativas da ONU, a Rússia perderá cerca de 8% da sua população até 2050. E não são as projeções mais alarmantes.
A questão é muito simples mas muito grave: o número de russos étnicos não faz senão encolher assustadoramente.
Para isso contribuem, em larga medida, a ausência de moral familiar e sexual, o aborto e o vício da bebedeira entre os homens, além da violência e da droga, que atingem patamares acima da média mundial.
No início deste século, a Rússia de Putin conseguiu equilibrar a demografia atraindo os russos étnicos que no tempo da URSS haviam sido transferidos ditatorialmente para as antigas republicas soviéticas.
Mas este movimento está esgotando suas fontes e as projeções da população de tronco eslavo num prazo médio e longo causam arrepios.
No portal “Svobodnaya pressa”, o jornalista moscovita Sergey Ryazanov fez um balanço da contração da população russa e das minorias russófonas em outros países.
Na Ásia Central, ele constatou primeiramente que no Cazaquistão os russos étnicos somavam em 1989 seis milhões e constituíam 37,4% da população. Hoje restam 3,6 milhões, equivalentes a 21% da população do país.
No Quirguistão a queda foi de 916.000 (21,5%) em 1989 para 419.000 (6,4%) em 2009.
No Tadjiquistão a queda foi ainda mais acentuada. De 388.500 russos étnicos (7,6% da população) em 1989 para 35.000 (0,3%) em 2010.
No Turcomenistão a diminuição não foi tão desastrosa. De 333.900 russos étnicos (9,5%) em 1989 para 180.000 (3,6%) em 2001.
Queda semelhante no Uzbequistão: de 1,6 milhões (8,3%) em 1989 para 809.000 (2,8%) em 2013.
No Sul caucásico, a decadência é análoga e por vezes beira a extinção. Na Armênia, de 51.600 (2%) em 1989 desceu para 14.800 (0,5%) em 2001.
No próspero Azerbaijão, degringolada de 392.000 (5,6%) em 1989 para 119.000 (1,2%) em 2009.
Na Geórgia, onde o caso se complicou com a guerra, dos russos étnicos (341.200 e 6,3%) em 1989, ficaram apenas 30.000 (0,8%) em 2015.
No antigo Oeste soviético, onde se concentravam grandes populações russas ou russófonas, as quedas foram milionárias.
Na Bielorrússia, de 1,34 milhões (13,2%) em 1989 ficaram 785.000 (8,26%) em 2009.
Na Moldávia, de 562.100 russos (13%) em 1989 despencaram para 300.000 (8,5%) em 2015.
Diminuição gigantesca se verificou na Ucrânia, certamente influenciada pela invasão de partes do país vizinho.
Em 1989 havia 11,3 milhões de russos (22,7%); em 2001, excluindo a Crimeia ocupada, ficaram 7,1 milhões ou 14,7% do total.
Nos países bálticos, onde a proporção de russos/russófonos é de grande importância para o expansionismo do Kremlin, as quedas são também preocupantes.
Na Estônia, em 1989 havia 474.800 russos (30,3%). Em 2011, ficarvam 321.000 (24,8%).
Na Letônia, de 905.000 (34%) em 1989 diminuiram para 512.000 (25,8%) em 2014.
Na Lituânia, dos 344.000 (9,4%) em 1989 ficaram 200.000 (6,5%) em 2011.
Em todos os casos, além dos falecimentos naturais houve também uma grande migração rumo à Federação Russa de muitos que se identificavam com ela e não queriam mais ser bielorrussos ou ucranianos pela força.
Também em todos os casos, a queda populacional russa trouxe um declínio das instituições culturais e do ensino da língua russa nas escolas no exterior da Federação.
Esta tendência, segundo Ryzanov, estimula ou acelera a retração dos russos que ficaram em países onde não se sentem mais “em casa”.
Os números apontam que a área cultural russa está se encolhendo e o chamado “mundo russo” é cada vez menor, geográfica, cultural e demograficamente.
Esse retorno de milhões de russos ou russófonos à Federação Russa segurou estatisticamente o declínio populacional do país.
Mas, esgotando-se as fontes de migração, a Rússia de Putin voltará a ostentar altos números negativos na sua população.
Em suas perorações Vladimir Putin finge desconhecer o fenômeno, que se desenvolve há quase três décadas e é muito criticado nas Forças Armadas, cada vez mais incapacitadas para preencher as vagas dos recrutas.
Putin fala de um grandioso “mundo russo” que, na realidade, apequena-se cada vez mais e está ficando longe da importância que teve no tempo da URSS e, mais ainda, na era gloriosa do império dos czares.
Do blog de Luis Dufaur, Flagelo Russo.
Mesmo nos países que não sofreram a cruel engenharia socialista que diminui o elã do povo ao minar a tradição religiosa e cultural, a população observa a destruição de empregos pela tecnologia, a pregação ecológica que considera o ser humano um corpo estranho ao equilíbrio da natureza (globalistas lutando para aprovar universalmente aborto, eutanásia, ideologia de gênero), e conclui que não haverá lugar para numerosos descendentes no futuro.